Foi o quinto filho da família. Ingressou na J. Silva Moreira no dia 1 de Janeiro de 1980, após desistir do curso de Medicina que frequentava na FMUP (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto). Enquanto estudante, participou activamente no Orfeão Universitário, já que a música era para si uma grande paixão. A par da música, aí desenvolveu outro dos seus engenhos: a electrónica. Pelas suas mãos, surgia no orfeão equipamento que ele próprio construía. No dizer de um colega, na visita ao hospital onde se encontrava já gravemente doente, “O Agostinho não era engenheiro,mas sabia mais que muitos engenheiros”. Quem com ele convivia não se admirava de o ver com parafusos e ferramentas nos bolsos e nenhum livro de Medicina na pasta.
Foi também por sua iniciativa que a gaita de foles passou a ser ouvida nos concertos do orfeão e, por isso, no seu funeral, um antigo orfeonista tocou uma peça a solo com esse instrumento, em sua homenagem.
Foi sócio gerente desta empresa até ao início deste ano, responsável pelo parque de máquinas. Aqui teve a oportunidade de pôr em prática a sua habilidade e conhecimento, aperfeiçoando o processo de fabrico e aumentando o nível de automação de várias máquinas, ou ainda recuperando outras, como várias de rede ovelheira compradas nos Estados Unidos num estado de quase sucata. Com a implementação dessas alterações na produção – muitas delas, até aos dias de hoje, unicamente utilizadas na J. Silva Moreira – a empresa aumentou a sua capacidade e eficiência produtivas.
A recuperação de uma quinta máquina ocupou os seus últimos tempos na empresa, tendo-a deixado quase pronta. Era um homem de família, grande amante de gastronomia e de um bom vinho tinto, de convívio com a família e amigos, e não dispensava passeios frequentes à Galiza e aos Picos da Europa. Sem dúvida que a sua dedicação, enorme capacidade imaginativa e de execução fizeram toda a diferença na evolução da J. Silva Moreira. Sem ele, não teria sido possível esta empresa ter atingido o patamar a que chegou.
O Agostinho deixou-nos um legado enorme pela sua capacidade e dedicação a esta casa, mas essencialmente, deixou-nos uma enorme responsabilidade de continuarmos a trajectória que, em conjunto, definimos e conseguimos. Com ele, queremos homenagear o fundador desta casa, Joaquim da Silva Moreira, mas principalmente o seu continuador, Agostinho da Silva Moreira, pai dos proprietários desta casa a quem todos devemos o enorme esforço e vontade na nossa formação, sem nunca esquecer o papel fundamental que teve nossa mãe e avó Joaquina Augusta de Sousa Baldaia. Nesta fase da empresa, compete à quarta geração, presente já na casa, dar o seu contributo na manutenção e desenvolvimento rumo a um futuro, não tranquilo, mas firme, deste nosso projecto. Esta será a melhor homenagem que todos prestamos ao “nosso” Agostinho.